Violência no parto é violência sexual
É muito importante dar voz às mulheres que vivenciaram algum tipo de violência no parto, ver sua dor reconhecida é o primeiro passo para que a mãe possa superar o trauma e vivenciar toda a plenitude da maternidade.
Uma vez vi uma mulher numa sessão de terapia em grupo querendo trabalhar sintomas físicos: ela sempre vomitava quando o filho precisava mamar e não conseguia mais se relacionar sexualmente.
Na busca pelo que poderia ser a origem daquele comportamento, ela acabou contando como tinha passado por uma cesariana indesejada e violenta, apesar de estar em franco trabalho de parto ela tinha sido amarrada e submetida à cirurgia contra seu consentimento.
Ela passou pelo puerpério muito triste, teve diagnosticada depressão pós parto e não havia melhorado significativamente mesmo depois de 2 anos. A família minimizava a narrativa dela, achava tudo uma "grande frescura". A pessoa que conduziu a terapia chegou a sugerir que ela uma "menininha mimada" e que precisava crescer para superar uma pequena "contrariedade".
Naquele dia me dei conta de como os profissionais de saúde mental não fazem ideia do impacto de um trauma como o que ela vivenciou, e tampouco fazem ideia do que está de fato envolvido na narrativa de uma mãe que viveu violência obstétrica.
Esta matéria traz um pouco da correlação entre parto e vida sexual e nos permite repensar os desdobramentos da violência obstétrica para além da cena de
parto.

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