O que pode e o que não pode no parto - parte 3
Para concluir essa sequência de postagens sobre a revisão das condutas obstétricas, promovida pela OMS - Organização Mundial da Saúde, vamos falar a respeito das condutas adotadas imediatamente após a saída do bebê e que são geralmente inapropriadas para os melhores resultados de saúde.
É recorrente a prática de afastar o bebê de mãe logo após que ele nasce, apenas mostram o bebê para a mãe e já levam a criança para a realização de procedimentos de pesagem, medição, aplicação de colírio e outros procedimentos em berçário - longe da mãe. Nesse contexto, o bebê só vai ter a primeira interação com a mãe horas depois, o que prejudica o estabelecimento do vínculo psíquico entre mãe e filho e pode ter repercussão no desenvolvimento psicológico da crianças.
Logo após o nascimento, o bebê que nasce saudável NÃO DEVE SER AFASTADO para procedimentos. O bebê deve ser colocado no peito da mãe o mais rapidamente possível para o contato pele-a-pele.
E o contato deve ser pele-a-pele mesmo, sem roupas ou lençois entre o corpo da mãe e do bebê. O bebê pode ser coberto com panos ou compressas, mas seu peito deve encostar diretamente no peito da mãe. Esse posicionamento favorece a sensação de conforto do bebê e contribui para uma melhor adaptação ao mundo externo, bem como promove no bebê os reflexos de sucção para iniciar a amamentação na primeira hora de vida.
Todos os procedimentos de cuidado com o bebê devem ser feitos no colo da mãe e ambos devem ser mantidos juntos o tempo todo.
Essa orientação também consta na Portaria 371/2014 do Ministério da Saúde, sendo dever dos profissionais de saúde dar cumprimento integral a todas essas disposições.
Outro procedimento muito importante e que às vezes é esquecido por conta de toda a animação com a chegada do bebê é o cuidado com a mulher logo depois do nascimento da criança. Nesse momento imediato, a mulher pode sofrer queda de pressão ou perda acentuada de sangue, o que requer providências imediatas para salvaguardar sua vida e saúde.
Se toda a equipe estiver focada no bebê, o que acontece com a mulher passa despercebido e esse é momento de maior risco de hemorragia pós parto, que acontece muito rápido.
Então a recomendação é observar atentamente essa mulher e avaliar corretamente o tônus uterino, a pressão arterial, checar os sinais vitais e observar se ela está desorientada ou aérea.
Quando o bebê é mantido no contato pele-a-pele, a recuperação da mãe também é melhor e tem sido observadas evidências de que até o tempo de recuperação da mulher no pós parto é menor com esse estímulo. Vantagem para todos.
Por esses motivos, de tempos em tempos as práticas obstétricas precisam ser revistas. É muito importante que os médicos estejam atualizados com essas recomendações.
Compartilhe as novas recomendações com o seu médico, mostre para ele que existe essa evolução nas boas práticas obstétricas e conversem a respeito das condutas que ele pensa em adotar no seu parto.
Recentemente, a FEBRASGO - Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia fez um resumo dos itens mais importantes das recomendações da OMS, facilitando a divulgação das condutas revisadas para que todos os médicos brasileiros tenham acesso a esse material e possam se atualizar.
O documento da FEBRASGO está aqui neste link, leve para o seu médico ler:
https://www.febrasgo.org.br/noticias/item/556-cuidados-no-trabalho-de-parto-e-parto-recomendacoes-da-oms
O documento completo produzido pela OMS (em inglês) está aqui neste link:
http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/260178/9789241550215-eng.pdf;jsessionid=181ABAD3948033C27863F00005B8CD95?sequence=1

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