Doula - Terapia do Amor
Há um tempo atrás me fizeram uma pergunta interessante: "mas que terapias você faz no trabalho de parto?"
Era uma gestante num questionamento para aferir o meu trabalho, talvez comparado com o de outras profissionais para escolher a sua doula.
Eu sou terapeuta integrativa além de doula e realmente conheço técnicas terapêuticas que podem agregar na hora do parto. Mas quando eu atuo como doula, como uma mulher que vai dar apoio físico e emocional para a mulher que vai parir, meu papel não é mais o de terapeuta.
Porque a abordagem terapêutica pressupõe que há um quadro de harmonia física-psíquica que precisa ser restabelecido. Mas no parto não é isso que acontece, a mulher está fazendo uma transição, uma travessia para assumir uma nova identidade: ela vai ser mãe.
Nessa hora o que a doula pode fazer é dar conforto e ajudar a mulher a se sentir mais segura para fazer essa travessia, porque a criança vai nascer e ela necessariamente vai passar para essa outra etapa de vida como mãe. Não tem volta.
Conhecendo técnicas eu posso sim ter um leque maior de opções para ajudar a mulher a se tornar mãe, mas não é isso que define o meu trabalho como doula. Uma doula não sai na frente das outras doulas porque conhece mais abordagens terapêuticas.
Porque na hora do parto a mulher nem sempre precisa de terapias, mas sim de uma mão segurando a mão dela e dizendo baixinho: "você é forte, você consegue".
Outras vezes a mulher precisa que a doula se afaste para ela encontrar essa força sozinha, dentro dela.
Também pode acontecer da mulher preferir o apoio do companheiro, num momento de intimidade e cumplicidade únicos que podem ressignificar toda uma relação.
A mim como doula cabe desenvolver esse olhar e ir oferecendo às vezes uma massagem, às vezes uma água de lavanda, outras vezes um rebozo ou até mesmo a minha distância, se for isso que ela precisa.
Acho que todas as terapias são válidas, mas a doula exerce mesmo a terapia do amor.

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